Todos nós temos uma arte - uma área do conhecimento pela qual nutrimos mais paixão e que logo se torna um objectivo de vida. Juntando-lhe as manias ou particularidades próprias de cada um, obtemos uma mistura fina de matéria-prima cognitiva que vale a pena partilhar e discutir com os demais. Sob este título, revela-se um grupo de pessoas e um ponto de encontro virtual no qual todas as Artes & Manias têm espaço assegurado.

19 novembro 2008

Mais uma vez a (falta de) vergonha!

O que está a acontecer no futebol em Portugal é uma falta de vergonha e de seriedade! Não, não estou a falar dos árbitros nem do futebol dentro do campo, também não estou a falar de declarações mais ou menos incendiárias de dirigentes, treinadores, jogadores ou responsáveis pelos organismos de gestão ligados ao futebol. A vergonha de que falo, e que me revolta, acontece todos os anos, mais cedo ou mais tarde, em mais ou menos clubes profissionais, em Portugal: salários em atraso!

Desde pequeno que o meu pai sempre me disse que "quem não tem dinheiro não tem vícios", coisa que pelos vistos uma grande parte dos responsáveis dos clubes portugueses não sabe o que é. Não adianta começar a época com grandes investimentos, contratos avultados, nomes sonantes e um sem numero de esperanças se vamos, poucos meses depois, cair em desgraça porque mais uma vez o clube não cumpre as suas obrigações, e vamos ter novamente: salários em atraso, pré avisos de greve e funcionários a viver verdadeiros dramas económicos e sociais. Todos os anos quase sempre os mesmo clubes colocam os seus funcionários nas mais desesperantes situações! É preciso ter consciência que os profissionais do futebol, como os jogadores ou treinadores, mas também os roupeiros e os tratadores da relva, tem famílias, tem compromissos económicos, e como toda a gente, quem trabalha merece o seu ordenado, maior ou menor, é o que está nos contratos. Se os valores contratuais são altos de mais para o clube não foram certamente os jogadores ou empresários que obrigaram os clubes a tais contratos, os clubes são quem decide se pelo valor "x", pode ou não contratar o profissional "y".

Apesar de não me parecer que alguém com poder de decisão vá ler este blog, muito menos o meu texto, queria fazer um apelo a quem de direito para que tome medidas: quem consecutivamente não cumpre as suas obrigações tem de ser punido, multas só iriam acentuar as crises, como tal, que se desçam de divisão os incumpridores, que se extingam os clubes, mas há coisas que tem de ser controladas e, fundamentalmente, que não podem continuar a acontecer.

11 novembro 2008

A "paz podre" faz hoje 90 anos

Hoje a humanidade assinala, e comemora, o fim da "Primeira Guerra Mundial." Foi há noventa anos que se assinou o armistício que poria fim a um conflito que começou em 1914, e que durante quatro anos matou, cerca, de 40 milhões de pessoas.

Quando o conflito termina surge a ideia de criar um organismo que regulasse as relações internacionais, e tentasse prevenir um novo conflito mundial semelhante ao que havia acabado de findar, surge então a "Sociedade das Nações". Sendo uma ideia do presidente dos EUA (Woodrow Wilson), este organismo internacional falha por completo os seus propósitos, no entanto, lança as bases para o que mais tarde nasce com o nome de "Nações Unidas", mas só depois da Segunda Guerra Mundial.

Ficou para a história o conceito de "paz podre", que foi afinal o que se viveu na Europa durante o período entre guerras. Apesar de ser uma ideia do presidente Wilson, os EUA não participaram na "Sociedade das Nações" (o congresso americano vetou a participação do país no organismo internacional), e regressaram a uma nova fase de isolamento internacional, de que só saíram em 1941, aquando do ataque japonês a Pearl Harbor.
Depois da "Primeira Guerra Mundial" a França e o Reino Unido (vencedores) obrigaram a Alemanha (derrotada) a pagar pesadíssimas indemnizações, o que conduziu o país, já destruído pelo conflito, a um enorme abismo económico e social que acentuado pela crise de 1929 ,fez nascer, por todo o país, sentimentos radicais e nacionalistas que colocaram no poder o partido nazi, e aquele que todos conhecemos, Hitler.

Faz hoje noventa anos que a humanidade respirou fundo, para alguns anos depois mergulhar na mais terrível e sangrenta guerra do século XX! Felizmente, os erros cometidos, assim como as coisas boas que se fizeram depois do armistício que hoje comemoramos, foram tidos em conta depois de 1945, o que permitiu fazer perdurar a paz na Europa até aos dias de hoje (com os percalços ocorridos nos Balcãs). Esperemos que o "jovem século XXI" não tenha de viver, assim como todos nós, algo de parecido com o que ocorreu entre 1914-1918, ou entre 1939-1945.

06 novembro 2008

We are living history!

Corria o ano de 2004 e numa das minhas aulas o professor, de nacionalidade americana, nos disse, com a voz e os olhos carregados de emoção: "se Deus quiser e a Constituição dos EUA ainda for o que é, em 2008, finalmente mudamos de presidente!" Acredito sinceramente que este homem está muito feliz, e tal como ele milhões de pessoas, não só nos EUA mas por todo o mundo. Barack Obama surge como umas das maiores surpresas da história, quem diria há uns anos atrás que estaríamos hoje perante a vitória presidencial de um afro-americano nos EUA, o país do "KKK", dos problemas raciais, enfim, um país que travou uma guerra civil onde se discutia, entre outras coisas, o fim ou não da escravatura.

Face à actual conjuntura internacional, o novo presidente norte-americano parece reunir consenso: os países da Europa, e as suas populações, sempre se mostraram favoráveis a ver o candidato democrata na "Casa Branca", o médio oriente deu também sinais de que o novo presidente é bem vindo, até de Cuba, Fidel Castro, considerou recentemente Obama como a "luz ao fundo do túnel". A economia vai certamente "suster a respiração" até perceber o caminho a seguir pela nova administração americana, bem como as relações políticas internacionais, fragilizadas por oito anos de tumultos, esperam que o novo presidente e seus conselheiros sejam muito mais sensatos e menos belicistas do que George W. Bush.

Quanto a mim, fiquei feliz, confesso! Nunca fui fã da administração que vai agora cessar funções, muito menos a favor das suas "guerras contra o terrorismo", pelo médio oriente, que me pareceram sempre desculpas para tratar de outros assuntos muito menos nobres.
Encaro Barack Obama como uma nova e renovada esperança para as "Relações Internacionais" do século XXI. O presidente eleito dos EUA representa só por si a mudança, a mudança de orientação, tem óptimas ideias e parece muito bem rodeado e aconselhado, é jovem e não me parece ter "vícios de poder", se demonstrar no exercício de funções a vitalidade e dinâmica que manteve durante a campanha eleitoral poderemos ter aqui, e acredito que sim, o início de uma nova e, muito interessante, nova era nas "Relações Internacionais", a todos os níveis.

05 novembro 2008

Planos de mobilidade

Na comunidade de planeadores urbanos começa-se a falar da necessidade de introduzir um novo mecanismo de ordenamento do território designado por planos de mobilidade. Actualmente, os planos municipais (PDM; PP e PU) descrevem as necessidades em geral, isto é, projectam-se e sinalizam-se as vias, apontam-se a necessidade de reformulação de paragens de autocarros e o reforço de determinados percursos ou horários, projectam-se pistas de ciclismo, mas são opções isoladas e desta forma não existe um plano conjunto de articulação entre todos os meios de locomoção.

Recentemente a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) organizou um seminário sobre esta temática. Seminário este, que incidiu principalmente sobre a mobilidade em meios de baixa densidade onde os problemas são numerosos. A principal dificuldade sentida nesses meios é a falta de investidores interessados em assegurar os transportes colectivos, por estes não serem rentáveis devida a falta de utentes. Este problema tem sido uma preocupação para os concelhos de baixa densidade e por essa razão estão em elaboração planos de mobilidade para resolver estas questões e tornar este sector sustentável. A UTAD, através do seu grupo de estudos territoriais (GETER), tem desenvolvido sobre requisito de alguns municípios planos de mobilidade.
Era desejável que mais municípios pudessem entender a necessidade de implementar estes mecanismos e que a investigação neste sentido prosseguisse. Era importante caracterizar os meios existentes, identificar os percursos, os horários, as carências sentidas junto da população, as dificuldades sentidas pelos operadores (quando existam), apresentar alternativas e meios mais rentáveis e mais sustentáveis, promover meios inutilizados, identificar corredores importantes de deslocação, rever a sinalização rodoviária existente, fazer o levantamento das barreiras arquitectónicas e apresentar soluções a estas e por fim implementar todas as soluções encontradas, que na maioria dos casos, no que diz respeito ao planeamento não acontece ou pelo menos não na totalidade.