Todos nós temos uma arte - uma área do conhecimento pela qual nutrimos mais paixão e que logo se torna um objectivo de vida. Juntando-lhe as manias ou particularidades próprias de cada um, obtemos uma mistura fina de matéria-prima cognitiva que vale a pena partilhar e discutir com os demais. Sob este título, revela-se um grupo de pessoas e um ponto de encontro virtual no qual todas as Artes & Manias têm espaço assegurado.

24 junho 2008

Há coisas estranhas, não há (ou talvez nem por isso)?!


Em todos os anos em que estudei, desde a escola primária (sim, porque eu ainda sou do tempo em que havia escola primária) até à universidade sempre me habituei à grande dificuldade que toda a gente tinha com a matemática. É claro que alguns colegas mais, outros menos, eu tinha bastantes, mas toda a gente considerava a matemática como algo difícil e muito trabalhoso. Todos os anos os teste de matemática assustavam os alunos, quando chegaram os exames nacionais de matemática, no 12º ano, andava toda a gente em pânico, pois era certo e sabido que seria uma prova de grande dificuldade, e que hipotecava, muitas vezes e a muita gente, a entrada na universidade.

A verdade é que parece que a realidade se alterou profundamente, pelo menos a julgar pelos comentários dos jovens que fizeram ontem, dia 23/06/2008, o exame nacional de matemática. De todos os alunos examinados, entrevistados pelos três canais de televisão, não ouvi nenhum dizer que o exame era difícil, que estava preocupado e que temia pelo resultado de tanto tempo de trabalho. Pelo contrário, o que ouvi foram alunos descontraídos, que se afirmavam confiantes e que descreviam o exame como fácil, acessível e muito menos complicado do que os testes que foram fazendo ao longo do ano! Talvez esta seja uma geração de alunos que não encontram dificuldades na matemática, apesar de todas as manifestações de professores que decorreram este ano lectivo os resultados vão ser fantásticos. Passei todo o dia com estes pensamentos, convencido que Portugal era agora um país de "pequenos génios matemáticos", e a tentar perceber porque razão os alunos da minha geração tiveram tantas, sempre, tantas dificuldades com esta mesma disciplina, acabei conformado, e confiante que seria responsável por tão grande evolução a reforma da educação.

Chegados os noticiários das 20 horas apercebi-me que afinal tudo era uma ilusão. Afinal a comunidade científica já tinha vindo condenar o exame, porque afinal era mesmo muito fácil. A minha esperança de viver num país de "pequenos génios matemáticos" desmoronou-se como um castelo de cartas ao vento. A minha esperança de que as reformas governativas na educação tivessem realmente a responsabilidade do sucesso dos alunos esbateu-se, era tudo uma ilusão.

Ou será que não, será esta a grande reforma da Educação?!
Colocamos os exames mais fáceis, os alunos passam a tirar grandes notas e fica toda a gente feliz?!

Deixo as estas duas questões à consideração de quem as quiser responder, e um desabafo: há coisas estranhas, não há (ou talvez nem por isso)?!

4 comentários:

Helena Antunes disse...

Eu nunca tive dificuldades a Matemática :) Eu era um génio matemático :)

Uma das coisas que eu temia com a reforma na Educação e na consequente avaliação dos professores era precisamente o facilitismo que pudesse daí originar. Pelos vistos começou ontem...

Anónimo disse...

Ja nao ha escolas primarias?

Ordepuir disse...

Caro "Anónimo",

Não, já não há escolas primárias. Foram substituídas por escolas do Ensino Básico, 1ºciclo!

Cumprimentos.

Bárbara Cunha disse...

É caso para dizer já não há educação! Também pertenço à geração anterior à dos "génios matemáticos"! Pertenço à geração em que o simples aproximar dos exames nos fazia um friozinho na barriga! Infelizmente, agora, a educação foi reduzida a meia dúzia de rabiscos mais ou menos desordenados com os quais os alunos passam com "altas notas"... E cujos paizinhos acham que têm em casa pequenos geniozinhos.

O problema base da educação em Portugal é não haver uma RESPONSABILIZAÇÃO geral de TODOS os PORTUGUESES pela educação das gerações vindouras... Infelizmente o que realmente interessa é que os miúdos se vão safando para depois chegarem às universidades e serem doutores e engenheiros e uns anos mais tarde profissionais incompetetentes e insensíveis...